Os vegetais produzem e acumulam metabólitos secundários que, atualmente, ganham destaque nas publicações científicas, devido aos benefícios que promovem – tanto na prevenção como no tratamento de doenças1, 2.
Estes compostos bioativos podem agir de diferentes formas. Como exemplo, muitos estudos mostram a ação antioxidante – comum nestes compostos – que deve-se ao potencial de óxido redução de determinadas moléculas, à capacidade de competição por sítios ativos e receptores nas diversas estruturas celulares, e ainda na expressão genética de proteínas importantes para a sinalização de funções celulares3,4.
Estes compostos também parecem atuar na redução de parâmetros pró-inflamatórios que geram efeitos deletérios nas funções celulares. Alguns mecanismos já foram identificados, sendo relacionados com a modulação de substâncias sinalizadoras e de aderência de células imunológicas – como a proteína quimioatrativa de monócitos (MCP-1) – e com a redução da expressão gênica de citocinas inflamatórias – como Interleucina 6 e Fator de Necrose Tumoral (TNF-Alfa)5.
Entretanto, alguns compostos apresentam baixa biodisponibilidade, pois nosso organismo, muitas vezes, reconhece estas substâncias como xenobióticos. A complexidade da matriz, a forma química da substância, a estrutura e quantidade de outros compostos presentes na dieta, e elementos fisiológicos relacionados à saúde intestinal e hepática, são fatores que afetam a biodisponibilidade destes compostos bioativos3.
Por este motivo, devemos considerar as técnicas dietéticas que possam favorecer a sua absorção e utilização pelo nosso organismo. O licopeno, por exemplo, é um composto bioativo presente em grande quantidade em alimentos de coloração avermelhada e sua biodisponibilidade é favorecida pelo processo térmico6,7.
O beta caroteno – que confere coloração alaranjada a frutas e vegetais – também apresenta maior biodisponibilidade com o processo térmico. Além disso, a associação com fontes lipídicas parece melhorar a sua utilização pelas nossas células8.
De forma contrária, alguns compostos bioativos parecem ter sua biodisponibilidade prejudicada com o aquecimento. A curcumina (presente na Curcuma longa) e a alicina (presente no alho) são algumas substâncias presentes em alimentos que não devem ser submetidos a processo de cocção, sendo recomendada a sua utilização ao final das preparações, para que não ocorram mudanças em suas estruturas químicas 9,10.
Estes são apenas alguns fatores que devemos nos atentar para melhorar a utilização destes compostos. Com a devida técnica e combinações – que devem ser avaliadas de acordo com as características individuais dos compostos bioativos – podemos aproveitar, de forma mais efetiva, os inúmeros benefícios que estas substâncias podem nos fornecer.
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