sexta-feira, 25 de março de 2016

Biodisponibilidade de Compostos Bioativos

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Os vegetais produzem e acumulam metabólitos secundários que, atualmente, ganham destaque nas publicações científicas, devido aos benefícios que promovem – tanto na prevenção como no tratamento de doenças1, 2.
Estes compostos bioativos podem agir de diferentes formas. Como exemplo, muitos estudos mostram a ação antioxidante – comum nestes compostos – que deve-se ao potencial de óxido redução de determinadas moléculas, à capacidade de competição por sítios ativos e receptores nas diversas estruturas celulares, e ainda na expressão genética de proteínas importantes para a sinalização de funções celulares3,4.
Estes compostos também parecem atuar na redução de parâmetros pró-inflamatórios que geram efeitos deletérios nas funções celulares. Alguns mecanismos já foram identificados, sendo relacionados com a modulação de substâncias sinalizadoras e de aderência de células imunológicas – como a proteína quimioatrativa de monócitos (MCP-1) – e com a redução da expressão gênica de citocinas inflamatórias – como Interleucina 6 e Fator de Necrose Tumoral (TNF-Alfa)5.
Entretanto, alguns compostos apresentam baixa biodisponibilidade, pois nosso organismo, muitas vezes, reconhece estas substâncias como xenobióticos. A complexidade da matriz, a forma química da substância, a estrutura e quantidade de outros compostos presentes na dieta, e elementos fisiológicos relacionados à saúde intestinal e hepática, são fatores que afetam a biodisponibilidade destes compostos bioativos3.
Por este motivo, devemos considerar as técnicas dietéticas que possam favorecer a sua absorção e utilização pelo nosso organismo. O licopeno, por exemplo, é um composto bioativo presente em grande quantidade em alimentos de coloração avermelhada e sua biodisponibilidade é favorecida pelo processo térmico6,7.
O beta caroteno – que confere coloração alaranjada a frutas e vegetais – também apresenta maior biodisponibilidade com o processo térmico. Além disso, a associação com fontes lipídicas parece melhorar a sua utilização pelas nossas células8.
De forma contrária, alguns compostos bioativos parecem ter sua biodisponibilidade prejudicada com o aquecimento.  A curcumina (presente na Curcuma longa) e a alicina (presente no alho) são algumas substâncias presentes em alimentos que não devem ser submetidos a processo de cocção, sendo recomendada a sua utilização ao final das preparações, para que não ocorram mudanças em suas estruturas químicas 9,10.
Estes são apenas alguns fatores que devemos nos atentar para melhorar a utilização destes compostos. Com a devida técnica e combinações – que devem ser avaliadas de acordo com as características individuais dos compostos bioativos – podemos aproveitar, de forma mais efetiva, os inúmeros benefícios que estas substâncias podem nos fornecer.
Referências Bibliográficas
  1. YANG, L.; YANG, C.; LI, C. et al. Recent advances in biosynthesis of bioactive compounds in traditional Chinese medicinal plants. Sci Bull; 61:3-17,2016.
  2. THOLL, D. Biosynthesis and biological functions of terpenoids in plants. Adv Biochem Eng Biotechnol; 148:63-106,2015.
  3. BASTOS, D.H.M.; ROGERO, M.M.; ARÊAS, J.A.G. Mecanismo de ação de compostos bioativos dos alimentos no contexto de processos inflamatórios relacionados à obesidade. Arq Bras Endocrinol Metab; 53(5):646-656,2009.
  4. GAMBOA-GÓMEZ, C.I.; ROCHA-GUZMÁN, N.E.; GALLEGOS-INFANTE, J.A. et al. Plants with potential use on obesity and its complications. Excli J.; 14:809-31,2015.
  5. LI, Y.F.; CHANG, Y.Y.; HUANG, H.C. et al. Tomato juice supplementation in young women reduces inflammatory adipokine levels independently of body fat reduction. Nutrition; 31(5):691-6,2015.
  6. BALAJI, M.; GANJAYI, M.S.; HANUMA KUMAR, G.E. et al. A review on possible therapeutic targets to contain obesity: the role of phytochemicals. Obes Res Clin Pract;
  7. SHAMI, N.J.I.E.; MOREIRA, E.A.M. Licopeno como agente antioxidante. Nutr; 17(2):227-236,2004.
  8. CAMPOS, F.M.; ROSADO, G.P. Novos fatores de conversão de carotenoides provitamínicos A. Ciênc. Tecnol.Aliment.; 25(3):571-578,2005.
  9. KUMAR, G.; MITTAL, S.; SAK, K. et al. Molecular mechanisms underlying chemopreventive potential of curcumin: current challenges and future perspectives. Life Sci;
  10. PHADATARE, A.G.; VISWANATHAN, V.; MUKNE, A. Novel strategies for optimized delivery of select components of Allium sativum. Pharmacognosy Res; 6(4):334-40,2014.

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